ANÁLISE MACROECONÔMICA
VISÃO GERAL
A indústria química é um dos setores mais dinâmicos e importantes do Brasil. É comumente chamada de a “indústria das indústrias”, já que produz insumos presentes em quase todos os bens de consumo e em todas atividades econômicas. Ela inclui empresas de alta relevância nacional, como petroquímicos, produtos farmoquímicos, produtos químicos de uso industrial, fertilizantes, cosméticos, higiene pessoal, produtos de limpeza, tintas, plásticos, entre outros. A indústria química é um dos mais importantes e dinâmicos setores da economia brasileira, ocupando o sexto lugar no ranking mundial em faturamento. Este cenário oferece inúmeras oportunidades para a retomada de investimentos, aumento da competitividade e crescimento do país.
INDICE
Plano de saúde
Pandemia
Emprego
Consumidor
Fusões e Aquisições
Imp x Exp
Investimentos no setor
Expansão
Top 5 empresas
Número de empresas
Tendências
Aplicativos
Highlights
Fim
A indústria química brasileira é atualmente a sexta maior do mundo, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). No âmbito nacional, é um setor que vem em uma crescente histórica de faturamento líquido. No comparativo dos últimos 12 meses, entre fevereiro de 2020 e janeiro de 2021, em relação ao período anterior, a produção teve crescimento de 1,25%, as vendas internas subiram 1,97% e o consumo aparente nacional (CAN) teve crescimento de 12,4%.
A indústria química brasileira é a maior da América Latina e a sexta do mundo. O foco da produção está nos produtos químicos industriais, responsáveis por US$ 44,1 bilhões em 2020, seguido pelos farmacêuticos, contabilizando US$ 15,6 bilhões e fertilizantes, com participação de US$ 9,3.
O faturamento da indústria química brasileira foi de US$ 42 bilhões (ou R$ 43 bilhões) em 1996 para US$ 101,7 bi (ou R$ 508,7 bi) em 2020.
A indústria química no Brasil ao longo dos anos, manteve uma média de participação no PIB total na casa dos 2%. Essa estagnação é resultado do desinvestimento do setor no que tange inovação e desenvolvimento de novos produtos e tecnologias. O resultado da falta de investimento é a perda de relevância da indústria química na economia brasileira. Em 2004, o setor respondia por 3,6% do total de riquezas produzidas pelo Brasil. Em 2016, a participação caiu para 2,4%.
Os principais índices que medem o desempenho da indústria química cresceram em 2020 na comparação com o ano anterior. A produção teve elevação de 2,3%, as vendas internas subiram 3,3% e a demanda, medida pelo consumo aparente nacional (CAN), resultado da soma da produção mais importação excetuando-se as exportações, cresceu 10,9%, segundo levantamento da Abiquim. Já a utilização da capacidade instalada ficou em 72%, dois pontos acima do patamar do ano anterior, mas ainda revelando uma ociosidade elevada, de 28%.
Merece destaque observar que a indústria nesse período multiplicou por 3,1 (aumento de 210%) o valor de seu faturamento em dólar (em valores correntes, sem considerar a inflação), de US$41,4 bilhões para US$ 127,9 bilhões. Em reais, esse valor, passou de R$ 38,0 bilhões para R$ 462,3 bilhões, um fator de multiplicação de 12,2 (aumento de 1.120%).
INVESTIMENTOS NA INDÚSTRIA QUÍMICA NO BRASIL
Os investimentos na indústria química são fundamentais para assegurar a relevância dessa indústria no Brasil. Porém, devido as incertezas do cenário econômico como um todo e as constantes mudanças tributarias que o setor industrial químico vem passando, 73% dos executivos da indústria química brasileira não pretendem realizar investimentos para aumentar a capacidade produtiva nos próximos dois anos, segundo pesquisa da Deloitte. Realidades como essa fazem com que o volume da produção do setor químico se mantenha estagnado e com pouca variação.
Déficit
Os segmentos com maior responsabilidade na geração desse déficit estão no grupo dos produtos químicos de uso industrial, os produtos farmacêuticos e os fertilizantes, cujo déficit acumulado alcançou US$ 34 bilhões em 2018. No aspecto meramente econômico, o maior desafio para a indústria química no Brasil é a diminuição dessa dependência das importações. O suprimento dos produtos químicos necessários para manter as atividades econômico sociais do país depende do superávit em outros segmentos da economia brasileira, com destaque para a relevância do agronegócio, que tem contribuído muito para a convivência com esse déficit.
O déficit sempre foi presente na indústria química brasileira, o que se deve a deficiências em infraestrutura do país (sobretudo em transportes), custo da energia e falta de matéria-prima barata.
No segundo semestre de 2020, o destaque foi o crescimento da demanda que ocorre tradicionalmente para os químicos de uso industrial, presentes na base de diversas cadeias industriais, entre os meses de julho a outubro, em razão das encomendas de Natal e do período de verão, que eleva a procura por descartáveis e outros itens, além do impacto de recomposição geral de estoques em diversas cadeias. Como resultado, no quarto trimestre de 2020, a produção subiu 11,01% na comparação com mesmo período de 2019. Em igual período de comparação, as vendas internas cresceram 16%, enquanto o CAN teve alta de 10,6%.
Apesar de 2020 ter sido um ano conturbado e cheio de incertezas, a essencialidade dos produtos químicos na prevenção e no combate à covid-19, possibilitou uma rápida retomada das atividades, com destaque para os produtos utilizados para tratamento de água, produtos de limpeza, sanitizantes, gases medicinais, descartáveis hospitalares, embalagens de alimentos, detergentes, desinfetantes, medicamentos, entre tantos outros.
Já o ano de 2021 vem apresentando indícios cada vez mais fortes dessa retomada. A demanda interna de produtos químicos de uso industrial avançou 7,8% no primeiro quadrimestre. A evolução positiva desse e de outros indicadores do setor, que começou em meados do ano passado. Segundo dados preliminares do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da entidade, a produção de químicos de uso industrial cresceu 5,12% nos quatro primeiros meses do ano, enquanto as vendas internas saltaram 14,7% e as importações tiveram elevação de 11,2%.
No anuário da Secretaria Executiva da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (SCMED) é apresentado as estatísticas do mercado farmacêutico no Brasil. Segundo a SCMED, o mercado farmacêutico industrial no Brasil em 2019 pode ser resumido nos seguintes números:
Entrantes Potenciais – Baixo
O risco de novos entrantes potenciais é baixo devido à alta barreira de entrada. Como outros setores
da produção nacional, a indústria química
sofre com questões relativas ao ambiente
de negócios brasileiro.
Produtos Substitutos – Baixo
Como reflexo da falta de investimento e as altas taxas tributárias, o mercado se encontra em um cenário de pouca variedade e desenvolvimento.
Poder dos Fornecedores – Alto
Devido a especificidade do setor e todo o Know-How necessário para ingressar e a baixa concorrência, os players possuem um alto poder de negociação.
Poder dos Compradores – Baixo
Baixo poder te negociação dos compradores, tendo em vista a baixa presença de players no mercado.
Rivalidade entre players – Baxio
Como observado na análise, o cenário brasileiro da indústria química é complexo e faltam investimentos no setor o que faz com que não tenha estimulo para entrada de novos players, mantendo assim um mercado estagnado.
OPORTUNIDADES
O setor Químico possui oportunidades peculiares, mesmo com todas as consequências causadas pela pandemia que acabou obrigando o segmento a se estruturar e a se desafiar em alguns pontos, o que abre portas para desafios e oportunidades.
Marco Legal do Saneamento
Novo Marco Legal do Saneamento completa, nesta quinta-feira (15), um ano desde a sua sanção pelo Presidente Jair Bolsonaro. A meta do Governo Federal é alcançar a universalização dos serviços de saneamento básico até 2033, garantindo que 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90%, ao tratamento e à coleta de esgoto.
A capacidade de investimento do Governo Federal, dos estados e municípios, com recursos próprios ou provenientes de financiamentos, chega a R$ 7 bilhões por ano. No entanto, a necessidade do Brasil é dez vezes maior. Precisamos investir cerca de R$ 70 bilhões, anualmente, para ofertar serviços de saneamento de maneira universal até 2033”, afirma. “As concessões não são privatizações. Mas, sim, uma parceria entre os entes público e privado para garantir o acesso da população a serviços essenciais”, completa
Produção, importação e exportação de agrotóxicos
As vendas globais de defensivos agrícolas químicos em 2018 aumentaram em 4,2 %, US $ 56,500 milhões, segundo análise preliminar de Phillips McDougall.
As vendas de todos os pesticidas, incluindo os não-agrícolas, subiram 4,1 %, US $ 64,038 milhões. O crescimento foi ligeiramente mais fraco para as vendas de pesticidas não-agrícolas, que subiram 3,1 %, US $ 7,538 milhões.
A recuperação do mercado brasileiro, o maior do mundo, é o maior impulsionador do crescimento do ano passado, conforme informado pelo consultado.
AMEAÇAS
Ainda que existam diversas oportunidades, como em todos os setores, ameaças que podem comprometer a evolução da área também existem. Sendo assim, é importante estar atento às possíveis mudanças relacionadas a estes tópicos para manter o sucesso na área.
Fim do Regime Especial da Indústria Química
O REIQ (Regime Especial da Indústria Química) foi instituído como ferramenta para dar competitividade à indústria química nacional. O que o regime especial faz, nada mais é, do que reduzir a gigantesca disparidade de custos entre a indústria local e a internacional, por meio da desoneração das alíquotas de PIS/Cofins incidentes sobre a compra de matérias-primas básicas petroquímicas da primeira e da segunda geração. Com o fim do REIQ além de trazer uma insegurança jurídica, a medida irá representar um aumento de impostos para o setor químico, impactando fortemente a indústria nacional de produção e tendendo à maior participação de produtos químicos importados no mercado doméstico, que se tornam financeiramente mais viáveis no mercado nacional.
A revogação do REIQ demanda ainda, no curto prazo, que as empresas brasileiras invistam em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), desenvolvendo novos produtos, processos e serviços que os torne menos cômodos e mais competitivos. O investimento em inovação tende a gerar um efeito multiplicador de retorno para a sociedade, como mostra outro estudo da Fapesp no qual é dito que, por exemplo, nos Estados Unidos cada US$ 1 gasto em inovação gerou uma taxa de retorno de US$ 4 para a sociedade norte-americana.
Custos burocráticos elevados
A elevada burocracia impõe diversas obrigações às empresas brasileiras, incluindo as do setor químico. Segundo o relatório Doing Business, do Banco Mundial, o Brasil ocupa a 125ª posição em um ranking com 190 países que avalia a facilidade para se fazer negócios. O País é ladeado pelo Irã, uma posição acima, e pela Guiana, uma posição abaixo. Concorrentes da América Latina, como México e Chile, ocupam posições muito mais adiantadas. O indicador em que o País é pior avaliado mede o pagamento de impostos: 184ª posição. Boa parte dessa má reputação reflete o tempo gasto para o cumprimento das obrigações tributárias: 1.958 horas – ante 160,7 na média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Na prática, o setor químico brasileiro vive um ciclo vicioso, que funciona da seguinte maneira: os altos custos com insumos e infraestrutura tiram competitividade da indústria química brasileira. A queda de competitividade, por sua vez, abre espaço para o aumento das importações e para a queda da rentabilidade. Altos custos e competição desigual provocam aumento do nível de ociosidade da indústria e, por conseguinte, inibem os investimentos e provocam fechamento de unidades.
TENDÊNCIAS
Apesar de ter verificado uma recuperação no seu desempenho durante o segundo semestre de 2020, a o setor químico nacional admite que 2021 é um ano cercado de incertezas.
O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Ciro Marino, aponta que uma das maiores preocupações é com o endividamento público do País, que foi impactado devido aos reflexos da pandemia do coronavírus na economia. No entanto, se o governo conseguir resolver esse problema, o dirigente projeta que o segmento químico deve crescer, ficando o incremento na produção na casa de 2% a 3%.
O SETOR VAI CONTINUAR SEGUINDO A TENDÊNCIA DOS ANOS ANTERIORES, ONDE APRESENTOU CRESCIMENTO TÍMIDO ENTRE 2% E 3%
Química Sustentável
Na área de sustentabilidade, a indústria química brasileira tem obtido avanços na redução do consumo de energia elétrica em seus processos produtivos e a tendência é que a presença da sustentabilidade na indústria como um todo se torne uma realidade. Isso é resultado de investimentos em sistemas de monitoramento de consumo e racionalização por meio de equipamentos e processos mais eficientes, incluindo a geração interna de energia que é consumida ou vendida para outras empresas. Dentre as ações para tornar o setor mais sustentável, os princípios ESG estão ganhando importância em função da intensificação da pressão dos investidores, reguladores, consumidores e demais stakeholders que responsabilizam as empresas pelos impactos nos quesitos ambientais, sociais e de governança.
Química 4.0
O conceito de Química 4.0 é baseado em digitalizar e transformar todos os elementos da cadeia de valor. Os consumidores de hoje sabem o que querem e querem agora. É por isso que o crescimento e a volatilidade na demanda estão ajudando a impulsionar a inovação para os fabricantes e as empresas químicas que os fornecem. Para que isso funcione, é essencial entender os clientes e suas exigências. Essa análise pode incorporar elementos internos e externos, como tendências de mercado, perfis sazonais e histórico de pedidos por produto e conta.
A colaboração é capaz de reunir dados de procura e prognóstico de várias fontes em uma plataforma baseada na nuvem, ajudando a apoiar um melhor planejamento de promoção, previsão e monitoramento da oferta. Esse conhecimento melhora a conectividade e fortalece a lealdade com seu cliente. Ao fornecer aos fabricantes ferramentas e plataformas orientadas para suas cadeias de valor e requisitos, as empresas químicas podem se integrar com sucesso nos negócios de seu público a longo prazo, aprofundando ainda mais a compreensão de seus ativos.
Biomassa
A crescente preocupação com a proteção ao meio ambiente abriu espaço, nos últimos anos, para que o Brasil se tornasse referência mundial em produtos derivados de matérias-primas renováveis, que podem substituir matérias-primas de derivados do petróleo. Pode-se afirmar que nenhum país reúne as condições que estimulam a biodiversidade como o Brasil. No Brasil, a cana-de-açúcar responde por 74% da biomassa plantada. Outras culturas de destaque são soja, milho, laranja, arroz, mandioca, trigo e banana. Todas essas culturas podem produzir resíduos que serão usados pela indústria química, por meio de cadeia de transformação desses recursos até chegar às matérias-primas necessárias para a indústria química.
RAY MARKET SOUND
Equipe Ray Market Sound
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