Café – Q2/23

ANÁLISE SETORIAL

PANORAMA MUNDO

A produção mundial de café da safra 2021/22 foi de 167,1 milhões de sacas de 60kg, com o Brasil liderando com 34,8%, seguido pelo Vietnã (18,9%), Colômbia (7,8%) e Indonésia (6,3%). A previsão é de que a safra 2022/23 alcance 175,0 milhões de sacas, um aumento de 4,7%, impulsionado principalmente pelo Brasil, que deverá produzir 6,2 milhões de sacas a mais devido à bienalidade positiva do arábica e às condições climáticas favoráveis nas regiões do conilon.

O Vietnã é o segundo maior produtor de café e projeta uma queda na produção da safra 2022/23. A Colômbia aparece em terceiro lugar na produção, mas espera-se uma redução de 11,9% devido ao excesso de chuvas, segundo a Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia.

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o consumo global está previsto em 167,9 milhões de sacas de 60 kg, um aumento de 0,5% em relação à safra anterior. Embora esteja estabelecendo um novo recorde, existe a preocupação de que a inflação elevada possa afetar o consumo de café em importantes polos consumidores.

Estima-se que o estoque global de café seja de 34,1 milhões de sacas de 60 kg no final da safra 2022/23, um aumento de 4,8% em relação à safra anterior, mas ainda 3% abaixo da média das cinco temporadas anteriores. A restrição no estoque global de café, após duas safras limitadas por adversidades climáticas em países como Brasil, Colômbia e Vietnã, ainda é uma preocupação para o mercado em relação à oferta e influencia a sustentação dos preços.

No mês de dezembro de 2022, na Bolsa de Nova Iorque, o valor médio do café arábica atingiu 165,45 centavos de dólar por libra-peso, representando uma queda de 25,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o café robusta apresentou um valor médio de US$87,11 centavos de dólar por libra-peso, correspondendo a uma queda de 20,2% quando comparado a dezembro de 2021. O enfraquecimento dos preços do café ganhou maior força a partir de outubro de 2022, impulsionado pela preocupação com o consumo, ampliação sazonal da colheita no Vietnã e Colômbia, além das perspectivas mais favoráveis para a safra de 2023 no Brasil devido às condições climáticas.

Preço do Café nas Bolsas de Nova Iorque (Arábica) e Londres (Robusta)

Considerando o cenário apresentado, espera-se que haja uma recuperação nos estoques em 2023, mas em um ritmo insuficiente para uma queda significativa nos preços do café.

Fonte: Conab e BNB

INDICE

1. ANÁLISE SETORIAL

Panorama Mundo

Panorama Brasil
Produção por Estado
Fusões e Aquisições
Análises dos Players
Perfil de Consumo
Subnichos
Covid X Setor
Importação e Exportação
Empresas por Região e Faturamento
2. ANÁLISE INTERNA DO SETOR
5 Forças de Porter
Oportunidades
Ameaças
3. TENDÊNCIAS

PANORAMA BRASIL

No Brasil, existem mais de 264 mil fazendas de cultivo de café, além de 1.050 instalações de processamento e 826 empresas especializadas na distribuição do produto. Essa indústria é fundamental para a geração de empregos e renda, empregando por volta de 585 mil pessoas em todo o Brasil. O Sudeste, com 89,6%, é a região que mais gera emprego na atividade agrícola do café, liderada pelo estado de Minas Gerais, com quase 388 mil trabalhadores. São Paulo, em terceiro lugar, ocupa 39,4 mil pessoas. Pequenas propriedades (agricultura familiar) são as que mais empregam, com 56% do total.

O faturamento desse setor em 2022 é estimado em R$23,5 bilhões, representando um aumento de 54,6% em relação ao ano anterior, que foi de R$15,2 bilhões. Esse crescimento pode ser atribuído à valorização do preço da matéria-prima em mais de 120%, o que afetou significativamente o custo da indústria e resultou no repasse de parte desse aumento ao varejo.

De acordo com o 4º Levantamento da Safra de Café 2022, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção cafeeira do Brasil encerrou a safra de 2022, ano de bienalidade positiva, com um total de 50,92 milhões de sacas de café beneficiado, apresentando um aumento de 6,7% em relação à safra de 2021. No entanto, em comparação com a safra de 2020, que também teve bienalidade positiva, houve uma redução de 19,3% ou 12,1 milhões de toneladas, justificada por condições climáticas desfavoráveis, como déficit hídrico e geadas durante o ciclo da cultura no país.

Conforme o 1º Levantamento da Safra de Café 2023, a primeira estimativa para a produção de café no próximo ano é de 54,94 milhões de sacas de café beneficiado. Apesar da bienalidade negativa, a previsão inicial indica um aumento de 7,9% em relação à colheita de 2022.

Em 2022, a área destinada à cafeicultura no Brasil foi de 2,2 milhões de hectares, sendo 1,8 milhão para lavouras em produção e 400,6 mil em formação. Houve um aumento de 1,8% na área de produção em comparação com a safra de 2021 e um aumento de 0,6% na área total cultivada. Já em 2023, a área destinada à cafeicultura no país aumentou para 2,26 milhões de hectares, um crescimento de 0,8% em relação ao ano anterior. Dessa área, 1,9 milhão de hectares são destinados a lavouras em produção, e 355,5 mil estão em formação.

Durante os ciclos de bienalidade negativa, os produtores costumam realizar tratos culturais mais intensos nas lavouras, que só entrarão em produção nos próximos anos. Nas últimas safras, a estabilidade do setor no Brasil tem sido equilibrada pelo aumento da produtividade, evidenciado pela mudança tecnológica verificada na produção cafeeira do país.

PRODUÇÃO POR ESTADO

MINAS GERAIS – A produção estimada é de 27.491,9 mil sacas, representando um aumento de 25,2% em relação à safra anterior. O crescimento é explicado pelo aumento da área e pelas condições climáticas mais favoráveis.

ESPÍRITO SANTO – A produção estimada é de 14.553 mil sacas, com uma expectativa de redução de 13% causada pelo longo período de estiagem, baixas temperaturas e ano de baixa bienalidade, principalmente para o arábica. A produção de conilon está estimada em 11.460 mil sacas, com uma redução de 7,3%, enquanto a produção de arábica deverá ser de 3.093 mil sacas, 29,1% abaixo do volume colhido na última safra.

SÃO PAULO – A produção esperada de arábica é de 4.723 mil sacas, um crescimento de 7,7% em relação ao resultado obtido em 2022. Esse aumento se deve à recuperação da produtividade após as condições climáticas adversas das últimas safras.

BAHIA – A produção total esperada é de 3.624 mil sacas, com um crescimento previsto em 0,6%. A produção de arábica é de 1.231 mil sacas, enquanto a produção de conilon é de 2.393 mil sacas.
RONDÔNIA – A produção de café conilon é de 2.943,5 mil sacas, um acréscimo de 5,1% em comparação à safra passada. Esse resultado se deve à expectativa de aumento na produtividade, à entrada de novas áreas em produção e ao melhor manejo das culturas.

Comparativo de Área em Produção, Produtividade e Produção de Café Total no Brasil

Fonte: Conab, ABIC e FIESP

Fusões e Aquisições

A Nestlé adquiriu a marca Seattle’s Best Coffee da Starbucks, como parte de sua estratégia para impulsionar o crescimento sustentado na categoria de café. Além dos cafés Starbucks distribuídos pela Nestlé sob a Global Coffee Alliance, o Seattle’s Best Coffee se junta à lista de marcas de café amadas da Nestlé nos EUA, incluindo Nescafé, Napresso e Blue Bottle.

“Nossa parceria com a Starbucks confirmou a posição de liderança da Nestlé no dinâmico e crescente mercado global de café”, disse David Rennie, chefe da Nestlé Coffee Brands. “Com a conhecida marca Best Coffee de Seattle, continuaremos a construir nossa liderança no café, oferecendo aos consumidores mais opções para o café do dia a dia.”

Desde que formaram a Global Coffee Alliance em 2018, a Nestlé e a Starbucks trouxeram uma ampla gama de produtos de café premium para novos mercados em um ritmo acelerado. Hoje, a Nestlé distribui produtos de consumo da Starbucks e bebidas de serviço de alimentação em mais de 80 mercados fora das lojas de varejo da Starbucks sob a Global Coffee Alliance. As vendas globais totais de produtos Starbucks distribuídos pela Nestlé em 2021 atingiram CHF 3,1 bilhões.

Outro destaque para o setor é o caso da Camil. Ela entrou no mercado de café em 2021, realizando um investimento de R$63 milhões na Café Bom Dia e Agrocoffee e adquirindo a marca Seleto, que pertencia à JDE Brasil. Essa operação faz parte da estratégia de diversificação do portfólio de produtos da Camil, que até então era composto por marcas de grãos, pescados e açúcar. Em 2022, a empresa relançou o Café União, consolidando sua entrada no segmento de cafés.

Fonte: Fusões&Aquisições

Top Players do Setor

  • TRES CORAÇÕES ALIMENTOS S.A.

O Grupo 3Corações é líder nacional no segmento de café torrado e moído, pioneiro e líder de mercado há mais de 20 anos, com o Cappuccino 3 Corações, e líder nas Regiões Norte e Nordeste com o café Santa Clara.

Faturamento: R$3,9B

 

  • JACOBS DOUWE EGBERTS BR COMERCIALIZAÇÃO DE CAFÉS LTDA.

É a maior empresa especializada em cafés e chás do mundo. Seus produtos estão presentes em mais de 100 países ao redor do mundo, por meio de marcas como Jacobs, Tassimo, Moccona, Senseo, L’OR, Douwe Egberts, Super, Kenco, Pilão e Gevalia.

Faturamento: R$412,6M

 

  • MELITTA DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO LTDA

Atualmente está presente em diversos países, com grande variedade de produtos e atuando em segmentos residenciais e corporativos.

Faturamento: R$632,9M

 

  • SAO BRAZ S/A INDUSTRIA E COMERCIO DE ALIMENTOS

Uma das principais indústrias de alimentos da região Nordeste do Brasil, a São Braz está entre as seis maiores torrefações de café do País.

Faturamento:R$ 632,9M

 

  • COOPERATIVA REGIONAL DE CAFEICULTORES EM GUAXUPE LTDA COOXUPE

É o maior produtor de café do País, sendo que cerca de 20% de sua safra vem dos mais de 15 mil produtores da cooperativa, distribuídos em mais de 200 municípios.

Faturamento: R$2,5B

PERFIL DE CONSUMO

O consumo aparente estimado de café no Brasil avançou 13% entre a média de 2008-2011 e 2018-2021, de 18,7 milhões de sacas de 60 kg para 21,2 milhões de sacas. Nesse mesmo período, os dados do IBGE demonstram que o crescimento da população brasileira foi de 9,8%, ou seja, o consumo de produtos do café cresceu acima da taxa da população do país. Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018 (IBGE-POF), o café é o item com maior frequência de consumo no País, com 78,1%, seguido por arroz (76,1%), feijão (60,0%) e pão de sal (50,9%). É um item essencial da mesa do brasileiro.

O consumo diário de café no Brasil é, em média, de 3,8 xícaras, mas há variações regionais significativas. Mato Grosso é o estado com maior consumo, com uma média de 7,1 xícaras por dia, seguido por São Paulo com 4,4 xícaras. Santa Catarina e Espírito Santo estão em terceiro lugar, com uma média de 4,3 xícaras diárias. Sergipe é o estado com menor consumo, com média de 2,7 xícaras por dia.
Os maiores consumidores de café também são os que mais gastam com a bebida. Moradores do Mato Grosso são os que mais gastam com uma média de R$93,7 por mês, seguidos pelos os do Mato Grosso do Sul (R$88,1), Paraná (R$85,9) e Rio de Janeiro (R$82,4). Os estados que menos gastam com café mensalmente são Pará (R$52,7), Sergipe (R$50,4) e Distrito Federal (R$32,4).

Além disso, o consumo de café no Brasil pode ser analisado de acordo com o estado civil e o número de filhos. Os consumidores casados são os que mais bebem café, com média de 2,6 xícaras por dia, seguidos pelos viúvos com 2,4 xícaras. Divorciados e solteiros são os que menos consomem, com uma média de 1,6 xícaras diárias. Em relação ao número de filhos, pais com um filho tendem a consumir menos (2 xícaras), enquanto aqueles com três ou mais filhos consomem mais (3 xícaras). Homens têm uma tendência maior de aumentar o consumo conforme o número de filhos aumenta (4,3 xícaras por dia para três filhos). Já para mães solteiras, a média é de 2,3 xícaras por dia, e para pais solteiros, é de 1,75 xícaras.

Quanto aos locais de compra, a maioria dos consumidores adquire café no supermercado e em relação ao tipo de café, o moído é o tipo mais consumido.

Fonte: ABIC e FIESP

SUBNICHOS

Arábica X Robusta (Conilon)
Comparativo da safra de 2022 com a anterior:

Conilon:

Arábica:

Em 2022, das lavouras em produção, estima-se que 1,5 milhão de hectares foram dedicados ao café arábica e 389 mil hectares ao café conilon.

Para o café arábica, as estimativas iniciais da Conab apontam para uma retomada de produção em Minas Gerais, principal estado cafeicultor do país, o que impacta positivamente sobre a perspectiva nacional, mesmo com os efeitos da bienalidade negativa sobre muitas das regiões produtoras. De maneira geral, há um aumento na área total do país em produção em relação ao ciclo passado, bem como uma estimativa de incremento na produtividade média, impulsionado, particularmente, pelos rendimentos médios esperados em Minas Gerais, São Paulo e Paraná, assim, a expectativa de produção neste primeiro levantamento é de 37,43 milhões de sacas de café arábica beneficiado, sendo 14,4% superior ao volume obtido em 2022.

Quanto ao café conilon, depois de uma safra recorde em 2022, a perspectiva para a temporada atual sinaliza uma certa redução no potencial produtivo, particularmente em razão de intercorrências climáticas registradas no Espírito Santo, principal estado produtor da espécie, o que impactou fortemente as lavouras em fases iniciais do ciclo. Mesmo com o aumento na área em produção, a estimativa para o rendimento médio deve sofrer um decréscimo em relação à safra anterior. Isso impacta, consequentemente, na perspectiva de produção total, que está avaliada, nesse primeiro levantamento, em 17,51 milhões de sacas de café conilon beneficiado, 3,8% menor que o volume nacional obtido na safra passada.

Em outros estados, o Boletim anuncia uma produção esperada em São Paulo de 4,72 milhões de sacas da espécie arábica, representando crescimento de 7,7% em comparação ao resultado obtido em 2022. Na Bahia, o crescimento previsto é de 0,6% na produção total, com 3,62 milhões de sacas em todo o estado, sendo 1,23 milhão de sacas de arábica e 2,39 milhões de sacas de conilon. Em Rondônia, a produção deve chegar em 2,94 milhões de sacas de conilon, acréscimo de 5,1% em comparação à safra passada. No Paraná, onde o cultivo é unicamente de café arábica, há previsão de crescimento de 47,2% na produtividade, com produção chegando a 733 mil sacas. No Rio de Janeiro, a produção estimada em 259,6 mil sacas de café arábica reflete redução de 11,8% em relação à safra passada.

Fonte: Conab

COVID X SETOR

Apesar da pandemia da Covid-19 ter afetado as vendas de café em cafeterias e restaurantes, o consumo de café em casa aumentou significativamente no Brasil. De acordo com a ABIC, o mercado de café no país continua a crescer acima da média mundial e, em 2021, 45,3% das 21,5 milhões de sacas produzidas foram consumidas no mercado interno. Esse movimento foi benéfico para as redes de varejo, responsáveis por 84% das vendas.

No entanto, as mudanças no comportamento do consumo de café também foram observadas em outros países, como nos Estados Unidos, onde há uma maior demanda pelo produto, especialmente quando as pessoas estão em casa. Segundo o National Coffee Data Trends Report 2022, 419 milhões de norte-americanos consomem café diariamente, com preferência pelo tradicional coado (40%) e cápsulas (24%).

Apesar dos desafios causados pela pandemia, o consumo de café continua a crescer e evoluir, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, com novos perfis de consumo surgindo e ampliando as possibilidades de mercado para os produtores e varejistas.

IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO

O Brasil exportou, em 2022, 39,8 milhões de sacas de 60 quilos de café, representando uma queda de 6,3% em relação ao ano anterior. Essa queda na exportação, de acordo com o Boletim, resulta do declínio da taxa de câmbio no Brasil e da redução da oferta interna no período. Com o real mais forte em relação ao dólar em 2022, o interesse pela exportação de café perdeu força na comparação com o ano anterior.
A produção de café no Brasil foi prejudicada pelos efeitos climáticos, como o tempo seco sob influência do fenômeno La Niña e as geadas ocorridas no inverno de 2021, que impactaram negativamente na produção de 2022. A restrição dos estoques, influenciada pelas adversidades climáticas que limitaram a produção do café arábica em 2021 e 2022, inibiu a exportação de café em 2022.

Apesar da queda na quantidade exportada, o preço elevado do café no exterior permitiu que a exportação do produto alcançasse US$9,2 bilhões em 2022, correspondendo a um aumento de 45% em comparação com o valor observado em 2021. O café brasileiro foi comercializado em 145 países, sendo os principais destinos os Estados Unidos e Alemanha, com 20,2% e 18,2%, respectivamente, seguidos por Itália, Bélgica e Japão. Em termos de valores, a exportação de café atingiu em 2022 o maior valor já registrado na série histórica do produto.

Dois portos concentraram 93,2% dos embarques do café brasileiro para o exterior em 2022, com participação de 80,5% do porto de Santos e 12,7% do porto do Rio de Janeiro.

Exportação Brasileira de Café – em quantidade

Exportação Brasileira de Café – em valor

Quanto à importação, em 2021 o Brasil adquiriu US$70 milhões em café do exterior, se tornando o 56º maior importador de café do mundo. No mesmo ano, o café foi o 359º produto mais importado do país. Ele importa principalmente da Suíça (US$46,6 milhões), Reino Unido (US$4,01 milhões), Itália (US$3,73 milhões), França (US$3,43 milhões) e Alemanha (US$2,28 milhões). Os mercados de importação de café que mais cresceram para o Brasil entre 2020 e 2021 foram Suíça (US$11,9 milhões), Uruguai (US$1,87 milhões) e Reino Unido (US$1,15 milhões).

O Brasil importa café para abastecer o mercado interno e atender à demanda por tipos específicos que não são produzidos no país ou que não são produzidos em quantidades suficientes.

Fonte: Conab, OEC

EMPRESAS POR REGIÃO E FATURAMENTO

Valor bruto de empresas: 26.840
Empresas na região Norte: 135
Empresas na região Nordeste: 415 (sendo 325 na Bahia)
Empresas na região Centro-Oeste: 209
Empresas na região Sudeste: 25.808 (sendo 23.898 em São Paulo e 1.631 em Minas Gerais)
Empresas na região Sul: 273
Microempresas: 25.409
Pequenas empresas: 1.251
Médias empresas: 164
Grandes empresas: 14

ANÁLISE INTERNA DO SETOR

5 FORÇAS DE PORTER

ALTA

O mercado de café é altamente competitivo, com várias empresas atuando em diferentes segmentos do mercado competindo pela atenção dos consumidores. Desde as grandes marcas de café até as empresas menores, a concorrência é intensa. O produto tende a apresentar uma baixa margem, e os players de mercado por consequência disputam desde o espaço nas prateleiras de mercado até as melhores oportunidades de divulgação e propaganda da marca.

BAIXA

A entrada no mercado de café exige um investimento significativo em equipamentos, espaço e pessoal. Além disso, as empresas estabelecidas têm vantagens em termos de economias de escala e marcas consolidadas, tornando difícil a entrada de novos concorrentes. É um setor que demanda um alto capital investido, desde o que tange tamanho do terreno, até por menores relacionados a pesticidas, irrigação e controle de qualidade.

MÉDIA

Embora o café seja uma bebida única, existem muitas alternativas, como chá, refrigerantes e outras bebidas quentes e frias. Isso significa que os consumidores têm opções, o que aumenta a ameaça de produtos substitutos. Mesmo assim, o café tem um sabor e aroma muito específicos, o que o torna único e dificulta a substituição completa.

BAIXO

Os principais fornecedores de café são os produtores, que têm um papel fundamental no abastecimento do mercado. No entanto, no que tange fornecimento para esse setor, em geral, os principais insumos são tabelados à um valor definido pelo mercado, impossibilitando assim o poder de barganha dos fornecedores, entretanto, esse poder de barganha sobe na proporção inversa do porte do cliente, quanto maior o cliente menor o poder de barganha.

BAIXA

Os compradores de café são variados, desde os consumidores finais até empresas que compram grandes quantidades de café. No entanto, o café é considerado um item alimentício básico, o que impede uma variação grande de preço, além de ser um produto relativamente barato, o que limita o poder de barganha dos compradores, tanto para o lojista quanto para o consumidor de ponta.

OPORTUNIDADES

Diversificação de produtos:

A diversificação de produtos pode oferecer novas oportunidades de crescimento, como a produção de cafés especiais, cafés orgânicos e cafés de origem única.

Adoção de práticas sustentáveis

Os consumidores estão cada vez mais preocupados com o impacto ambiental e social dos produtos que consomem, então, o café produzido de forma sustentável e com práticas agrícolas responsáveis pode ser uma oportunidade para produtores que buscam diferenciação e valorização do produto no mercado.

Exportação

O mercado de café brasileiro, traz ao empreendedor a possibilidade de expandir o seu mercado para além do mercado nacional.

Produtos gourmet

É uma forma de diferenciar sua marca das demais do mercado, traz um viés mais premium. Esse novo nicho de mercado traz consigo melhores margens, em contrapartida uma menor escala.

AMEAÇAS

Problemas inerentes à plantação e Mudanças climáticas

A produção de café pode ser afetada por eventos climáticos extremos, como secas e tempestades, o que pode afetar a oferta e os preços do produto. Além disso, problemas como pragas e irrigação são inerentes à produção de café. Por isso, crises hídricas ou problemas relacionados ao uso de pesticidas podem ser eventuais dificuldades enfrentadas pelo gestor na plantação do produto.

Concorrência acirrada

A concorrência é intensa no mercado de café, o que pode afetar a rentabilidade das empresas e a fidelidade dos consumidores.

Diferenciação do produto frente ao mercado

Uma das principais dificuldades enfrentadas pelo gestor na produção de café é trazer a percepção de diferenciação do produto ao público de ponta. O preço e a qualidade do produto são os principais indicadores que podem fazer com que ele seja preterido em relação a um concorrente.

Estocagem de produtos

No setor de produção de café, a estocagem dos produtos é uma questão dolorosa devido tanto ao capital imobilizado quanto ao risco de perda da mercadoria.

Oscilações no mercado internacional

A oscilação no mercado internacional pode trazer grandes problemas para a gestão do negócio do café, que é atualmente vendido como commodity e é um dos principais itens de exportação do Brasil.

Como contornar as ameaças

Problemas inerentes à plantação e Mudanças climáticas:
Para contornar essas ameaças, as empresas de café podem investir em tecnologias avançadas para assegurar a produção de café e controlar pragas e doenças; adotar práticas agrícolas sustentáveis, como o uso de técnicas de irrigação eficientes e a conservação do solo; e/ou desenvolver variedades híbridas de café que sejam mais resistentes.

Concorrência acirrada:
Para contornar essa ameaça, as empresas de café podem investir em ideias inovadoras e equipamentos modernos para atrair novos consumidores; desenvolver estratégias de marketing que ressaltam suas vantagens em relação aos concorrentes, a fim de se destacar no mercado; acompanhar as mudanças no perfil do consumidor e se reinventar constantemente para atender às suas necessidades.

Diferenciação do produto frente ao mercado:

Para contornar essa ameaça, as empresas de café podem adotar estratégias de diferenciação para tornar o produto único no mercado e produzir café diferenciado e especial para atender aos consumidores mais exigentes.

Estocagem de produtos:
Para contornar essa ameaça, as empresas de café podem armazenar adequadamente o café, monitorando constantemente as condições de armazenamento, como temperatura e umidade, para garantir a qualidade do produto.

Oscilações no mercado internacional:

Para contornar essa ameaça, as empresas de café podem diversificar a produção de café, com a introdução de produtos diferenciados e especiais que possam ser valorizados no mercado; monitorar constantemente o mercado internacional e se adaptar rapidamente às mudanças no ambiente competitivo.

TENDÊNCIAS

  • A Selic tem impacto direto no mercado de café, já que afeta o custo de financiamento dos produtores e pode influenciar a oferta e a demanda pelo produto. Em 2023 está em 13,75% ao ano;
  • A inflação também é um fator importante para o mercado de café, já que pode afetar tanto o poder de compra dos consumidores quanto os custos de produção dos produtores. Ela fechou 2022 em 5,79%;
  • É previsto que o mercado global de café cresça a uma CAGR de 4,28% durante o período de previsão (2022-2027);
  • Pelo Google Trends, o estado brasileiro que mais pesquisa sobre café é o Espírito Santo, seguido por: Rondônia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná;
  • O interesse pelo café ao longo dos últimos 5 anos está evidenciado pelo gráfico abaixo, que mostra uma linha de tendência crescente.

Fonte: IBGE, Mordor Intelligence


Quando feita a pesquisa de frequência de pesquisas de Café de maneira geral.

Quando feita a comparação de frequência de pesquisas entre o Café Arábica e o Café Robusta, fica evidente a preferência pelo Arábica.

ESTUDO DE TENDÊNCIAS

Acompanhando tendências internacionais: o Brasil entra em uma nova fase de consumo de café. Estudos realizados pela Euromonitor International apontam as principais características desse momento do consumo de café.

  • Pronto para beber: A tendência de bebidas de café prontas para consumo é uma das principais inovações no setor cafeeiro. De acordo com a pesquisa, essa novidade tem potencial para crescer rapidamente no setor de alimentos e bebidas, impulsionada por tendências como café frio, praticidade, saúde e bem-estar. Essencialmente, o mercado de bebidas prontas consiste em cafés vendidos em latas ou garrafas, prontos para consumo imediato. 
  • Consumo em crescente: Embora seja uma bebida popular no Brasil, o consumo de café no país diminuiu em 2022 devido ao aumento nos preços do grão. No entanto, espera-se que a situação mude em breve, com uma previsão de crescimento de 1,94% em 2023 e um aumento ainda maior de 4,10% em 2024. Durante a pandemia de Covid-19, houve um aumento no consumo de café em casa, enquanto a demanda em cafés e restaurantes diminuiu. Apesar disso, é esperado que os volumes gerais de vendas e consumo permaneçam estáveis.
  • Troca de cafeterias pelo café em casa: Cada vez mais consumidores estão optando por tomar café em casa em vez de frequentar cafeterias. Um dos motivos para essa mudança é a oferta internacional limitada de café, que não tem sido capaz de atender à demanda, especialmente em momentos de baixos estoques. Embora os brasileiros consumam em média de 3 a 4 xícaras de café por dia, de acordo com a Organização Internacional do Café – OIC, a maior parte desse consumo, que era feito em cafeterias, nos últimos tempos está ocorrendo em casa. A pesquisa indica que a inflação em alta e o risco de recessão nos próximos meses são alguns dos motivos por trás dessa mudança comportamental.
  • Reconhecimento dos cafés especiais: Com consumidores cada vez mais apreciando cafés de alta qualidade. Esse hábito também tem se fortalecido no Brasil, onde representa segmentos de consumo em forte crescimento, principalmente entre o público jovem. Hoje, a faixa etária entre 16 e 25 anos é a que mais se interessa pela bebida, especialmente nas grandes metrópoles.
  • Apreço por cafés de alta qualidade: De acordo com o estudo, os consumidores estão cada vez mais valorizando a qualidade do café que consomem. Segundo dados divulgados, 44% dos consumidores estariam dispostos a pagar um preço mais elevado por um café de excelente qualidade. Essa tendência de valorização da qualidade está impulsionando ainda mais o mercado de cafés especiais.

HIGHLIGHTS

“O setor aponta uma perspectiva de crescimento positiva embora se encontre em ano de bienalidade negativa. Os números de consumidores e o faturamento vem em uma crescente pós-pandemia, o que gera oportunidades no mercado. 

O investimento atual deve ser focado no café para varejo, considerando que a maior parte do consumo atual do produto se encontra dentro da casa dos consumidores. Tal aspecto é evidente para a realidade internacional e nacional.

Com base no cenário atual, espera-se que em 2023 ocorra uma recuperação nos estoques de café, porém, em um ritmo insuficiente para provocar uma queda significativa nos preços. Embora uma safra maior no Brasil possa favorecer o aumento das exportações de café este ano, muitos produtores ainda estão afastados das negociações e esperam o início da colheita da safra 2023 para uma participação mais ativa no mercado.”

Eduarda Gomes
Business Analytcs I


RAY MARKET SOUND

Equipe Ray Market Sound
rms@rayconsulting.com.br

Tags: No tags

Add a Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *